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O Diretor Geral do Jornal 'O Estado do Maranhão' |
Externando opiniões com liberdade
permitida por este jornal, é difícil alguém escapar da acusação de ‘falar mal’
de governos. Isso é natural do ofício de cronista. Nas democracias, o cidadão
tem direito de expressar livremente suas opiniões. Governos acertam e erram, estadistas falham e
fracassam, quem espera aprovação unânime
a todas as suas ações comete
remata tolice ou inconsciência
vitima de vaidade insana. “toda unanimidade é burra”, disse Margareth Thatcher,
estadista mundialmente respeitada, dona de uma biografia onde se registram
monumentais êxitos e fracassos, a vida aconselha desconfiança ou pessimismo.
A propósito, Millôr Fernandes
entendia ser melhor cultivar o pessimismo do que o otimismo. O pessimismo,
dizia ele, goza quando acerta e quando erra. Já o otimismo se sente frustrado,
infeliz, decepcionado sempre que erra. A história não fornece razoes para
acolhimentos grandes promessas de governos senão com cauteloso ceticismo, para
não dizer com prudentes doses de pessimismo. Externar esse sentimento com
sinceridade, opinar sobre atos e fatos de interesse públicos jamais significará
“falar mal” de quem quer que seja.
Hoje, afirma que São Luís é uma
cidade literalmente coberta de excrementos, que nossas praias continuam
poluídas ou que a educação publica piora a cada ano é rematado truísmo. Mas há
quem prefira assistir tudo calado, passando por conveniente, com moço à cata de
deferências e favores de autoridades; até quem sabe, ter solenemente pespegada
na sua lapela uma medalhinha de metal
reles, providencialmente acompanhada de uma latinha de Kaol, porque feda ao
azinhavre.
Outro dia, via e-mail, veio pertinente
indagação; - Sei lá, pergunte aos políticos. Foi essa a resposta. Ora, o que
sei todo mundo sabe. Quase cinco anos se passaram desde junho de 2009, quando o
estado decretou a utilidade pública de 20.000.000m2 de terras para implantação de monumental refinaria de
600.000 barris por dia,1/3 do petróleo nacional. Em outubro do mesmo ano Estado
e Petrobrás firmaram Protocolo para início de obras da prometida 5 maior planta de refino do mundo. Para operá-la, contrataram
com o SESI a capacitação de milhares de trabalhadores até janeiro deste ano. Em
seguida, vídeo do Youtube mostraria ao mundo a planta da Refinaria, em belas e
empolgantes imagens virtuais servindo de fundo os rostos de operários
sorridentes, navios e trens abarrotados de combustíveis.
Uma obra-ideia colossal. Esmola
imensa para os pobres maranhenses de barriga grudada à coluna, historicamente
desacostumado de òbolos de tamanha grandeza. No dia 20 de janeiro imediato Lula
lançaria a pedra fundamental da usina em clima de imensa euforia entre
empedernidos otimistas. Cauteloso e cético não comentamos o fato, até para não
“falar mal” de governos. Mas, logo em seguida, a 25 de junho de 2011, o então
presidente da Petrobrás, ao divulgar o Plano de Negócios da estatal para
2011-2015, anunciaria a postergação da Premium, sem fixar datas para reinício e
conclusão. Dizia cumprir ordens de Dilma. De lá pra cá, co cronista da
refinaria permanece uma incógnita em desconcertante equação cujos termos são e
altamente afirmativas política e negativas administrativa de sua prioridade. E
assim ficou até que, dia desses, a peremptória Graça Foster, atual presidente
da Petrobrás, bateu o martelo, também reiterando decisão da mesma Dilma:
Refinaria nova, nos próximos anos, só é prioritária mesmo a de Abreu e Lima, em
Recife. Até agora, de concreto mesmo o que restou da Premium? Para os otimistas
não se frustrarem de todo enquanto aguardam novas postergações, resta um
consolo de natureza cultural: os tratores da Petrobrás desvelaram amplos sítios
onde jazem valiosos testemunhos arqueológicos de antigas povoações indígenas,
que o IPHAN recolhe para futuro museu. Só isso? Não, espertos otimistas lavaram
a burra com a especulação imobiliária. É só! Entretanto, sem exagerar no
pessimismo, esperemos que uma refinaria, venha a ser ele ou não a quimérica
maior da América Latina, esteja concluída no Maranhão antes da também sonhada
transposição das águas do São Francisco... Ou isso seria demasiado otimismo?
Até lá, que conte mais quem mais souber.
Este Colunista Ficou sensibilizado
com a crônica da quinta feira (18) do jornal ‘O Estado do Maranhão’ na coluna
‘Hoje é dia de...’ do nosso amigo e companheiro de profissão Joaquim Itapary, que desabafou
categoricamente a pura realidade do país. Resolvi transcrever esta matéria do
Itapary, achando o seu desabafo brilhante, como ninguém até hoje no Maranhão
escreveu. Parabéns!!!
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