segunda-feira, 22 de abril de 2013

O DESABAFO DO EX-MINISTRO DA CULTURA JOAQUIM ITAPARY - FALANDO MAL DE GOVERNOS

O Diretor Geral do Jornal 'O Estado do Maranhão'

Externando opiniões com liberdade permitida por este jornal, é difícil alguém escapar da acusação de ‘falar mal’ de governos. Isso é natural do ofício de cronista. Nas democracias, o cidadão tem direito de expressar livremente suas opiniões. Governos  acertam e erram, estadistas falham e fracassam, quem espera aprovação unânime  a todas as suas ações comete  remata  tolice ou inconsciência vitima de vaidade insana. “toda unanimidade é burra”, disse Margareth Thatcher, estadista mundialmente respeitada, dona de uma biografia onde se registram monumentais êxitos e fracassos, a vida aconselha desconfiança ou pessimismo.
A propósito, Millôr Fernandes entendia ser melhor cultivar o pessimismo do que o otimismo. O pessimismo, dizia ele, goza quando acerta e quando erra. Já o otimismo se sente frustrado, infeliz, decepcionado sempre que erra. A história não fornece razoes para acolhimentos grandes promessas de governos senão com cauteloso ceticismo, para não dizer com prudentes doses de pessimismo. Externar esse sentimento com sinceridade, opinar sobre atos e fatos de interesse públicos jamais significará “falar mal” de quem quer que seja.
Hoje, afirma que São Luís é uma cidade literalmente coberta de excrementos, que nossas praias continuam poluídas ou que a educação publica piora a cada ano é rematado truísmo. Mas há quem prefira assistir tudo calado, passando por conveniente, com moço à cata de deferências e favores de autoridades; até quem sabe, ter solenemente pespegada na sua  lapela uma medalhinha de metal reles, providencialmente acompanhada de uma latinha de Kaol, porque feda ao azinhavre.
 Outro dia, via e-mail, veio pertinente indagação; - Sei lá, pergunte aos políticos. Foi essa a resposta. Ora, o que sei todo mundo sabe. Quase cinco anos se passaram desde junho de 2009, quando o estado decretou a utilidade pública de 20.000.000m2 de terras  para implantação de monumental refinaria de 600.000 barris por dia,1/3 do petróleo nacional. Em outubro do mesmo ano Estado e Petrobrás firmaram Protocolo para início de obras da prometida 5 maior  planta de refino do mundo. Para operá-la, contrataram com o SESI a capacitação de milhares de trabalhadores até janeiro deste ano. Em seguida, vídeo do Youtube mostraria ao mundo a planta da Refinaria, em belas e empolgantes imagens virtuais servindo de fundo os rostos de operários sorridentes, navios e trens abarrotados de combustíveis.
Uma obra-ideia colossal. Esmola imensa para os pobres maranhenses de barriga grudada à coluna, historicamente desacostumado de òbolos de tamanha grandeza. No dia 20 de janeiro imediato Lula lançaria a pedra fundamental da usina em clima de imensa euforia entre empedernidos otimistas. Cauteloso e cético não comentamos o fato, até para não “falar mal” de governos. Mas, logo em seguida, a 25 de junho de 2011, o então presidente da Petrobrás, ao divulgar o Plano de Negócios da estatal para 2011-2015, anunciaria a postergação da Premium, sem fixar datas para reinício e conclusão. Dizia cumprir ordens de Dilma. De lá pra cá, co cronista da refinaria permanece uma incógnita em desconcertante equação cujos termos são e altamente afirmativas política e negativas administrativa de sua prioridade. E assim ficou até que, dia desses, a peremptória Graça Foster, atual presidente da Petrobrás, bateu o martelo, também reiterando decisão da mesma Dilma: Refinaria nova, nos próximos anos, só é prioritária mesmo a de Abreu e Lima, em Recife. Até agora, de concreto mesmo o que restou da Premium? Para os otimistas não se frustrarem de todo enquanto aguardam novas postergações, resta um consolo de natureza cultural: os tratores da Petrobrás desvelaram amplos sítios onde jazem valiosos testemunhos arqueológicos de antigas povoações indígenas, que o IPHAN recolhe para futuro museu. Só isso? Não, espertos otimistas lavaram a burra com a especulação imobiliária. É só! Entretanto, sem exagerar no pessimismo, esperemos que uma refinaria, venha a ser ele ou não a quimérica maior da América Latina, esteja concluída no Maranhão antes da também sonhada transposição das águas do São Francisco... Ou isso seria demasiado otimismo? Até lá, que conte mais quem mais souber.
Este Colunista Ficou sensibilizado com a crônica da quinta feira (18) do jornal ‘O Estado do Maranhão’ na coluna ‘Hoje é dia de...’ do nosso amigo e companheiro de profissão Joaquim Itapary, que desabafou categoricamente a pura realidade do país. Resolvi transcrever esta matéria do Itapary, achando o seu desabafo brilhante, como ninguém até hoje no Maranhão escreveu. Parabéns!!!

Texto de autoria de Joaquim Itapary

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